A “carne de mentira”, feita à base de plantas, veio para ficar

A "carne de mentira", feita à base de plantas, veio para ficar

De um lado, a vontade de abraçar um consumo mais consciente e sustentável. De outro, a dificuldade de desvincular-se de velhos hábitos alimentares. É na intersecção destes dois cenários que o conceito de fake meat, isto é, “carnes de mentira” feitas de matérias primas vegetais, surge de forma tão inovadora e até mesmo necessária para o momento atual do mercado alimentício. Startups especializadas no estudo e desenvolvimento da “carne de mentira” crescem ano após ano junto ao número de adeptos do vegetarianismo e veganismo. Todos os esforços são direcionados à um só objetivo: expandir o leque de opções alimentares para contemplar tanto o elemento sustentabilidade quanto a experiência do paladar, uma união que por muito tempo foi considerada difícil de acontecer.

Novos hábitos alimentares aliados a inovações na indústria marcam o início de uma nova relação com o consumo de certos alimentos

O fato é que a carne alternativa está deixando de ser um produto de nicho e tende a se tornar cada vez mais acessível. Embora a população em geral seja, sim, carnívora, existe espaço – e mercado – para este novo tipo de consumo. Redes de fast-food, incluindo a Subway, estão começando a apostar nesses produtos. A Beyond Meat, por exemplo, uma das startups mais famosas de carne vegetal no mundo, só no último ano subiu o valor de sua avaliação de mercado para mais de USD 1 bilhão, mostrando que este tipo de produto tem muito espaço para crescer. Não à toa, executivos como Bill Gates e Richard Branson já garantiram sua cota de investimentos nesse segmento.

Também é importante frisar que o crescimento deste tipo de alimento no mercado também pode ser muito positivo para as questões ambientais. Segundo dados do Mapbiomas de setembro de 2019 , a área de pasto, só na Amazônia, aumentou 74% nos últimos 30 anos, um número alarmante e que afeta diretamente questões como aquecimento global e diversidade de fauna e flora local. Já um estudo da revista Science de julho de 2019 afirma que o Brasil possui aproximadamente 50 milhões de hectares vazios, provenientes do abandono de empresas agropecuárias. Considerando este panorama, ainda que o aumento do consumo de carne vegetal não resolva estas questões, pode significativamente impactá-las.

Sabemos que a conexão do ser humano com o consumo de carne é antiga e remota à própria sobrevivência da espécie, além de ser importante e muito presente em diversas culturas, mas felizmente a tecnologia atual está permitindo que cada vez mais mercados tenham a possibilidade de adaptar suas escolhas alimentares sem que haja necessidade de abrir mão do sabor, textura e suculência. É preciso reconhecer que houve muito progresso em um curto espaço de tempo e não é mais utopia acreditar que, em um futuro não tão distante, será possível ter a exata experiência carnívora sem a necessidade de colocar uma carne animal na boca.

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